Em 2005 me tornei pai. Não digo simplesmente que meu primeiro filho nasceu, mas digo de uma forma a tentar explicar a dimensão que isso significou e continua se ressignificando dia após dia desde então. Me tornei. Foi algo maior do que aquilo que eu poderia decidir ou escolher. É arrebatador, intenso, incrível, amedrontador e a força motriz mais intensa para se criar coragem. Desde a descoberta da primeira gestação (e de lá pra cá foram 4!) entendi que meu papel não seria de ajudar minha esposa no que ela precisasse, não seria daquele que ficaria com o bebê após um cansativo dia de trabalho enquanto ela poderia enfim tomar seu primeiro banho do dia, e ter ao menos 10 minutos de leve descanso. Quão herói seria eu...enfim, após um dia inteiro de atribulações referentes ao trabalho, seria um “exemplo” ajudando minha esposa em casa. Não, essa idéia não me cabia...eram meus filhos que estavam ali na barriga, eram nossos filhos; não fazia sentido eu “ajudar” em algo que era minha responsabilidade. Eu e Luciana construímos essa consciência dia-a-dia, sem traçarmos planos escritos, distribuição de tarefas ou em infinitas DR´s. Simplesmente sabíamos o que devíamos fazer, dividir, nos ajudar, ceder e cobrar. Quem nos ensinou? Nossos filhos. Simples assim
Desde o primeiro instante em que soube da primeira gravidez, tive a certeza, a nítida certeza de que minha vida mudava ali naquele instante. Pude experimentar naquele instante todo medo, amor e coragem que um ser humano pode sentir. Sobretudo o amor, sublime, único e intenso. Incondicional. Aprendi também o significado dessa palavra. E desde então fui mudado de forma intensa e maravilhosa. Cada primeiro olhar, cada toque, cada respiração junto de si reforça e aumenta esse amor. O que é ser pai? Não sei definir...não há palavras que expressem sem que se perca o sentido.
Meus amigos e as pessoas próximas sabem que sou músico nas horas vagas e que componho. Sempre me perguntaram o porquê de não ter composto nenhuma música para meus filhos. Certa vez assistindo uma entrevista do Lennon, de quem sou fã, fiquei muito tocado com uma passagem. Parabenizado pela beleza da música Beautiful Boy, feita para seu segundo filho, ele foi indagado sobre a inspiração. Ele simplesmente resumiu a história com uma reflexão sincera: a música era linda e forte sim, porém enquanto ele a compunha, estava longe de seu filho, algo que o tocava e incomodava profundamente naquele momento. Isso me marcou profundamente. E ainda que não de longe não seja talentoso quanto meu ídolo no quesito compor, creio que decidi ali naquele momento, participar intensamente da vida e do crescimento de meus filhos.
E lá se vão treze anos desde que me encontrei nesse mundo, desde que encontrei sentido nessa vida. Nesse momento as palavras me fogem e os olhos embaçam a tela do computador!
Feliz mês dos pais!
*Por: Victor de Morais, pai do Arthur, da Alice, do Pãozinho e da Joana.
Linda e verdadeira reflexão. Amo muito o pai dos meus netos e assisti de perto todas as lindas mudanças trazidas pela paternidade.
ResponderExcluirSensacional! Parabéns!!
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