terça-feira, 30 de julho de 2019

A Hora do Mamaço 2019 - SMAM





Agosto e considerado o mês dourado, mês de incentivo ao Aleitamento Materno e, todo ano, de 1 a 7 desse mês comemoramos a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM). Durante essa semana acontece em diversas cidades do Brasil e do mundo A Hora do Mamaço e BH não poderia ficar de fora. Então anotem na agenda, dia 07/08, na praça de serviços da UFMG!



Esse ano, o tema da SMAM traz como tema: "Empoderar mães e pais, favorecer a amamentação" e vem nos mostrar que, para além das informações de qualidade e evidências científicas, a amamentação também precisa de uma equipe forte e empoderada, que vai desde o companheiro (a), passando pela família, comunidade, profissionais de saúde, todos trabalhando e se fortalecendo para o estabelecimento e funcionamento do processo. 
Dessa forma trazemos a discussão para a igualdade de gênero uma vez que, para que esse apoio acontece de forma mais integral, é preciso que se estabeleça medidas que garantam a tranquilidade da mãe durante os cuidados do bebê, mas também a presença do companheiro ao lado dessa mulher durante esse período. Chegamos, então, a um ponto de extrema importância e super atual, onde há tempos já se vem lutando, usando como exemplo outros países onde já existe esse apoio: uma licença maternidade/paternidade remuneradas, justas, que permitam o aleitamento exclusivo nos 6 primeiros meses e a presença o companheiro apoiando, ao lado dessa mãe, além de maior apoio e empatia por parte dos locais de trabalho.


legenda


Luciana Morais
Enfermeira especialista em Saúde Materno Infantil

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Ah, o Puerpério...

São meses de mimos, de muita atenção recebida, de cuidados. A barriga crescendo, bebê mexendo. Enjoos, dores, mal estar - tem também. Mas ah, que é isso perto das delicias de se estar grávida (pelo menos pra grande parte das mulheres, né, pois sabemos que nem todas se sentem bem durante a gestação, e isso é ok, não tem nada de errado em não se sentir maravilhosa grávida). Ai nasce o bebê. O parto dos sonhos. Ou não. Aquele bebê pequetito no colo, põe no peito, que coisinha mais linda, nossa, ninguém disse que era difícil! Cadê todas as atenções que eu tinha até uns dias atrás? Ah, agora são todas desse serzinho fofucho aqui. Hello, tô aqui!!

Bem vindas ao Puerpério!



"Alice não teve um segundo para pensar em parar antes de se ver despencando num poço muito fundo. Ou o poço era muito fundo, ou ela caía muito devagar [...] Caindo, caindo, caindo. A queda não terminaria nunca? 'Quantos quilômetros já cai até agora?' [...] Caindo, caindo, caindo." 
Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll


Sempre que me pego pensando sobre o puerpério, me vem a cabeça o trecho da história da Alice onde ela cai ao entrar na toca do coelho. Um túnel longo, que não vemos o fim, escuro, onde vamos caindo, sozinhas, sem saber onde chegaremos ou como chegaremos. Vemos tudo passando ao nosso redor, mas como se estivéssemos alheias. Muitos são os momentos em que a sensação é que não sairemos dali nunca. Será possível haver luz no fim do túnel? muito choro, misto de sentimentos muitas vezes opostos e confusos. Será que tem algo errado comigo? 

Bem vindas ao Puerpério!


Ao contrário do que muita gente pensa, ao falarmos de puerpério, não estamos falando apenas daquelas semanas logo após o parto onde nosso corpo se recupera e nos adaptamos a nova rotina com o bebê. Esse momento vai muito além. É um contínuo desconstruir e reconstruir, onde reaprendemos a viver, nosso lugar no mundo, quem somos. É o luto pela morte da mulher que éramos e renascimento de uma nova mulher, agora também mãe. E esse processo não poderia ser fácil. É doloroso. Mas é essencial que toda mulher possa viver seu puerpério em toda suas particularidades. É dele que sairemos mais fortes e reconstruídas, prontas para a nova vida que nos aguarda. 

Para que a mulher possa viver esse momento de forma plena é preciso que ela possa se sentir segura para mergulhar fundo, sem medo, a fusão emocional com seu bebê, passando por todas alterações físicas, emocionais, psicológicas e de rotina que esse momento traz. A nova mãe não precisa de alguém que fique com o bebê para ela fazer as coisas em casa. Ela precisa de alguém que a ajude com a casa e outros afazeres para que ela possa se entregar inteiramente a esse momento. Por isso uma rede de apoio forte e organizada é fundamental para um puerpério saudável. 

Durante cerca de 2-3 semanas pós parto grande parte das mulheres vivenciarão o que chamamos "Blues puerperal" ou "Baby Blues", que é uma melancolia pós parto, que pode ser confundida muitas vezes com uma depressão, ou mesmo frescura da mulher. Isso acontece devido a queda hormonal e é passageiro. 

Mas cuidado, mesmo que o puerpério seja um período intenso na vida da mulher, que o baby blues existe, não podemos esquecer que algumas mulheres precisarão de uma atenção maior para conseguirem lidar com as mudanças na vida. Então mais uma vez a rede de apoio pode ser o diferencial na vida dessa família. Depressão pós parto é um problema real, sério, e muitas vezes jogado para debaixo do tapete da sociedade. Então se a nova mãe, ou quem está perto perceber que algo pode não estar caminhando tão bem, não hesitem em buscar uma ajuda profissional qualificada. 

As mães também precisam ser cuidadas e acolhidas, não apenas os bebês!


*As fotos mostram algumas das várias faces do meu 3º puerpério: o mais longo e desafiador!




Luciana Morais
Enfermeira, especialista em Saúde Materno Infantil
Mãe do Arthur, da Alice, da Joana e de um anjinho no céu.