sábado, 25 de janeiro de 2020

Exterogestação


Qual a diferença de um bebê humano para um bebê de outros mamíferos?

Os bebês humanos são, dentre as espécies de mamíferos, aqueles que nascem mais dependentes de seus cuidadores nos primeiros meses de vida, sendo incapazes de sobreviver se deixados sozinhos.

Isso se dá pois, devido ao desenvolvimento do ser humano ao longo dos anos, o fato de se tornarem bípedes, se fossem se desenvolver por completo dentro do útero como seus colegas do reino animal, os bebês não passariam pelo canal de parto devido o tamanho de suas cabeças. Necessitam, então, nascer prematuramente, mesmo aqueles bebês que nascem a termo em sua idade gestacional. 

E ai que entra a EXTEROGESTAÇÃO.     
Exterogestação nada mais é que reproduzir, o mais próximo possível, o ambiente uterino, a fim de favorecer uma melhor adaptação e desenvolvimento do bebê nos primeiros meses de vida.

Ao longo do primeiro ano de vida os bebês apresentam um desenvolvimento cognitivo e neurológico intensos e únicos, o que faz com que diversidade de estímulos táteis e sensoriais sejam de grande benefício para eles. Esses estímulos tem início lá no trabalho de parto, com as contrações uterinas e passagem pelo canal vaginal e é interessante que seja continuado durante os primeiros meses fora da barriga, tentando simular as sensações que ele vivia enquanto no ambiente uterino, a fim de trazer segurança, calma e ajudar na transição de vida dos pequenos, como: 
-Temperatura: pele a pele com a mãe ou cuidador, colo, sling
-Movimentos: durante a vida intrauterina, os bebes viviam em constante movimento durante as atividades maternas, por isso relembrar essa rotina traz segurança e conforto. Balanço lateral, devagar, suave, como uma dança lenta, andar com bebe no colo, sling
-Sons: bebê está acostumado a ouvir os sons do corpo da mãe durante vários meses, além dos sons do ambiente externo, vozes. Não é de se estranhar que não gostem de ambientes silenciosos e durmam em ambientes barulhentos. Ruídos brancos, sons que simulam sons uterinos, pele a pele para ouvir coração da mãe, voz da mãe, do pai
-Ambiente restrito: bebes viviam em um lugar apertadinho, encolhidos, e de repente se veem em um espaço sem fim, coluna esticada, sem apoio algum, longe de tudo que lhe é familiar. Pode ser bem assustador! Por isso também gostam de colo e o berço parece ter espinhos. Muito colo, usar swaddles, mantinhas, slings, mantendo uma posição fisiológica do bebê (famosa posição sapinho)
-Livre demanda: na barriga bebe não sentia fome! Recebia alimento de forma livre e assim deve continuar aqui fora. a livre demanda e importante não somente para regular a alimentação e nutrição do bebe, mas ela e capaz de nutrir grande parte das necessidades citadas acima!

Acima listei algumas das possibilidades de se praticar a exterogestação com seu bebê. Além dos benefícios para os pequenos, essa prática também ajuda as mães a se sentirem mais seguras e confiantes nos cuidados, a conhecerem melhor as necessidades dos filhos, favorece a amamentação e fortalece vínculos. 

Mas até quando Exterogestar?
Não existe um consenso sobre o limite da exterogestação. E eu não acredito realmente que exista. Algumas literaturas falam sobre 3 meses, considerados o quarto trimestre gestacional, sendo o período de maior adaptação dos bebês. Já outras, seguindo o paralelo com outros mamíferos, falam sobre 9 meses, que seriam quando os bebes começam a adquirir certa independência materna: já se locomovem sozinhos, não dependem totalmente da mãe para se alimentar, ou seja, já possuem certo desenvolvimento motor. 

O que fica claro é: exterogestar não tem um limite claro, cada criança tem suas necessidades e cabe a nós, cuidadores, termos sensibilidade para percebe-las e supri-las de acordo com suas demandas únicas e especiais. Carinho, colo, sling nunca são demais. 💓